“Eu sou do meu amado,
e ele tem saudades de mim.”
Cantares de Salomão
7. Vs. 10.
No dia 26 de maio último, D. Terezinha e eu
completamos 62 anos de casados. Começamos o nosso namoro quando ela tinha
treze anos e eu quatorze. Hoje ela tem 81 e eu 82. Naquela época havia três etapas, ou fases que
precediam ao casamento. A primeira era o “Flerte,” posteriormente chamado de “Paquera.”
Nesse período acontecia a troca de olhares, de cumprimentos, sorrisos e caso houvesse
correspondência, vinha a segunda fase, ou etapa, chamada “Namoro”. Fase na qual
ocorria o intercâmbio do conhecimento; dávamos às mãos; íamos às matinês e
trocávamos alguns tímidos e rápidos beijos e juras de amor. A terceira parte
era o “Noivado.” Fase ou etapa que demandava algum tempo de namoro. Para
iniciá-la, tínhamos que pedir ao pai ou à mãe da namorada, caso sua mãe fosse
viúva a “mão” da filha em
casamento. Essa era uma fase importante. Agora os encontros
eram na casa da noiva, geralmente na sala de visitas e muitas vezes com a
presença da futura sogra ou do irmãozinho caçula da noiva.
A importância dessa fase se destacava porque
envolvia o aprofundamento do mútuo conhecimento e a troca de idéias sobre o
futuro. Coisas tais como: o mês e o dia do casamento; testemunhas; convidados;
cerimônia: só civil ou também religiosa? E ainda, se a esposa poderia continuar
ou passar a trabalhar fora e ou estudar. O planejamento quanto à compra ou
aluguel e estrutura da casa (móveis, etc.) e quantos filhos gostariam de ter..
Isso era de significativa importância, pois evitava problemas futuros. Aqui se
aplicava o ditado, já existente na época: “Tudo
o que é tratado, não e caro.”
Hoje tudo isso é
passado, é anacrônico e careta. Não existem mais o que alguns chamam de “essas
frescuras.” A coisa hoje é no “Vápite Vúpite.” O negócio é ver “quem beija mais
ou é mais beijado, nas Baladas.” A prática vigente é o “ficar” ou o “pegar.”
Pegou? Peguei! Ficou? Fiquei! Casamento? Isso é brega e dá muita despesa,
trabalho e amolação. É mais cômodo fazer um “contrato” por determinado tempo,
ou morar em residências separadas, pois, segundo os defensores dessas
modalidades, o que desgasta o casamento é a convivência, ou seja, o viverem
juntos debaixo de um mesmo teto. Ouvi, recentemente, de uma nova forma de
casamento: “casamento ponte aérea.”
Ele mora em São Paulo
e ela, no Rio de Janeiro. Os encontros do “casal”
ocorrem nos finais de semana de forma alternada, ou seja: num final de semana
ele vem para o Rio, no outro ela vai para São Paulo.
Os resultados? As estatísticas
revelam. O número crescente de mães solteiras; de adolescentes de 14 e 15 anos
grávidas; o aumento de divórcios e de filhos de casais separados; o crescente
número de abortos ilegais; a desestruturação da família; a ausência da chamada
“educação do lar;” e os crimes chamados “domésticos.” Maridos matam as esposas; esposas matam os maridos;
filhos matam os pais; e pais e mães
matam os filhos. Esse é o nosso tempo. O tempo mais do que moderno. O tempo da
pós-modernidade.
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