quinta-feira, 9 de maio de 2013

A PROPÓSITO DO DIA DOS NAMORADOS



                          “Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim.”
                          Cantares de Salomão 7. Vs. 10.

             No dia 26 de maio último, D. Terezinha e eu completamos 62 anos de        casados.  Começamos o nosso namoro quando ela tinha treze anos e eu quatorze. Hoje ela tem 81 e eu 82.  Naquela época havia três etapas, ou fases que precediam ao casamento. A primeira era o “Flerte,” posteriormente chamado de “Paquera.” Nesse período acontecia a troca de olhares, de cumprimentos, sorrisos e caso houvesse correspondência, vinha a segunda fase, ou etapa, chamada “Namoro”. Fase na qual ocorria o intercâmbio do conhecimento; dávamos às mãos; íamos às matinês e trocávamos alguns tímidos e rápidos beijos e juras de amor. A terceira parte era o “Noivado.” Fase ou etapa que demandava algum tempo de namoro. Para iniciá-la, tínhamos que pedir ao pai ou à mãe da namorada, caso sua mãe fosse viúva a “mão” da filha em casamento. Essa era uma fase importante. Agora os encontros eram na casa da noiva, geralmente na sala de visitas e muitas vezes com a presença da futura sogra ou do irmãozinho caçula da noiva.
            A importância dessa fase se destacava porque envolvia o aprofundamento do mútuo conhecimento e a troca de idéias sobre o futuro. Coisas tais como: o mês e o dia do casamento; testemunhas; convidados; cerimônia: só civil ou também religiosa? E ainda, se a esposa poderia continuar ou passar a trabalhar fora e ou estudar. O planejamento quanto à compra ou aluguel e estrutura da casa (móveis, etc.) e quantos filhos gostariam de ter.. Isso era de significativa importância, pois evitava problemas futuros. Aqui se aplicava o ditado, já existente na época: “Tudo o que é tratado, não e caro.”
            Hoje tudo isso é passado, é anacrônico e careta. Não existem mais o que alguns chamam de “essas frescuras.” A coisa hoje é no “Vápite Vúpite.” O negócio é ver “quem beija mais ou é mais beijado, nas Baladas.” A prática vigente é o “ficar” ou o “pegar.” Pegou? Peguei! Ficou? Fiquei! Casamento? Isso é brega e dá muita despesa, trabalho e amolação. É mais cômodo fazer um “contrato” por determinado tempo, ou morar em residências separadas, pois, segundo os defensores dessas modalidades, o que desgasta o casamento é a convivência, ou seja, o viverem juntos debaixo de um mesmo teto. Ouvi, recentemente, de uma nova forma de casamento: “casamento ponte aérea.” Ele mora em São Paulo e ela, no Rio de Janeiro. Os encontros do “casal” ocorrem nos finais de semana de forma alternada, ou seja: num final de semana ele vem para o Rio, no outro ela vai para São Paulo.
          Os resultados? As estatísticas revelam. O número crescente de mães solteiras; de adolescentes de 14 e 15 anos grávidas; o aumento de divórcios e de filhos de casais separados; o crescente número de abortos ilegais; a desestruturação da família; a ausência da chamada “educação do lar;” e os crimes chamados “domésticos.” Maridos  matam as esposas; esposas matam os maridos; filhos  matam os pais; e pais e mães matam os filhos. Esse é o nosso tempo. O tempo mais do que moderno. O tempo da pós-modernidade.

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