domingo, 18 de dezembro de 2011

EXPERIÊNCIAS PESSOAIS


CONVERSÃO: Não sei se isso será do interesse dos meus possíveis leitores, porém senti o desejo de registrar algumas das minhas mais significantes experiêncis vividas ao longo da minha vida cristã e ministerial que ja ultrapassam mais de meio século. Sou de uma família tradicionalmente evangélica, tanto por parte de minha mãe, Tavares, como da parte de meu pai, Ramalho. Embora criado segundo os princípios evangélicos, seguidos por meus pais, só vim ter minha experiência de conversão aos 23 anos de idade, ja´casado e pai de dois filhos: José Mauro e Sergio Luiz. Essa experiência ocorreu numa 4ª feria, chuvosa, dia 06 de junho de 1954, na IEC de Paracambí. Nesta época o Rev. Myron Pinto da Costa era o pastor da igreja. Na semana de terça feira 02 até domingo 10 de junho de 54, a igreja estaria realizando um série de Conferências tendo como pregador o missionário, Rev. Percy Bellah. No sábado anerior, o pastor Myron, que era cliente de nossa barbearia, onde trabalhavamos eu e o meu irmão Humberto, cortou o cabelo comigo e me fez um insistente convite para participar da aludida atividade. Disse-me que começaria na 3ª feira e ele ficaria muito feliz com a minha presença (O Beto já era membro da igreja). Não fui na terça, resolvei ir na quarta,o Beto ficou na barbearia e eu, antes de encminhar-me para a igreja, passei pelo Bar do Sr. Mingote, tomei um café e comprei um maço de cigarro - Eu me tornei fumante aos nove anos de idade, quando morava em Rodeio, hoje Eng. Paulo de Frontin. Na época meu pai havia comprado um Armazem e um colega de Escola, mais velho do que eu, que fumava há mais tempo, me ensiou a fumar, porque dessa forma ele não mais teria que comprar cigarro porque eu "pegaria" no Armazém do meu pai prá mim e prá ele- passei pela Farmácia do meu saudoso amigo, Nicola Salzano, troquei um dedo de prosa com ele, acendi um cigarro e me encaminhei para o templo. Fui devagar a fim de dar tempo de terminar o meu cigarro ( Continental liso).Ao entrar no templo, que estava cheio, restando uns poucos lugares, como soer acontecer em nossas igrejas, bem lá na frente, e aí senti que todos me olhavam curiosos: O Mauro na igreja numa quarta feira!? O texto da mensagem do Rev Percy foi 2 Rs 25.27-30. Foi prá mim, só prá mim. Na hora do apêlo eu não fui o primeiro, também não fui o último. Quando estava em pé,lá na frente junto aos demais decididos, o Rev Myron se colocou ao meu lado e eu tirei do meu bolso o maço de cigarros e coloquei no bolso do paleto dele.
Ao chegar em casa - na época nós morávamos na casa dos meus pais - parando na porta do quarto deles, disse: Mãe aceitei a Jesus hoje. Disse isso porque eu sabia que ela estava acordada. Ela só dormia quando a última pessoa chegava em casa e eu, era sempre o último, especialmente quando era solteiro. Quando fui para o nosso quarto dei a notícia para a Terezinha que, na hora, não me disse nada.
OS PRIMEIROS DIAS DE CONVERTIDO.Eu, quando retornava para casa, em minha bicicleta, comecei a pensar sobre a decisão que eu havia tomado e como seria a minha vida a partir da manhã do dia seguinte. Pensei no cigarro, no jogo de bilhar e de snoker, dos quais eu gostava muito. Dos jogos do Brasil Industrial, aos quais eu assistia aos domingos à tarde, nos meus pássaros, que eram muitos. Ao acordar na manhã do
"dia seguinte" retomei a minha rotina. Ajudamos o nosso pai a moer a cana para fazer rapadura, tomei o meu café, montei na bicicleta e fui abriar a barbearia. E aí houve a primeira mudança: Eu cheguei mais cedo,abri a porta da barbearia entrei e a fechei de novo. Peguei a Bíblia que minha mãe me dera (Tradução de A. Figueredo) e comecei a ler do início, Gênesis. Passei a fazer isso diariamente e ainda usava o tempo em que aguardava a chegada dos freguezes. Isso me permitiu ler a Bíblia toda pela primeira vez, em cerca de três meses. Do cigarro, não senti mais falta. Nem das mesas de bilhar. Soltei alguns pássaros e outros, por insistência de amigos, vendi prá eles. So fique com um casal de canário da terra que vivia solto durante o dia, e, à noite dormia na gaiola, dentro da barbearia. Engordei um pouco e fiquei mais bonito ainda. No dia 18 de agosto,do mesmo ano e 1954, antes mesmo de completar três meses de minha conversão, fui batizado e logo assumi a direção de um grupo da UME. No final do ano fui eleito presidente da UME. O Rev. Myron sabia que eu gostava muito de ler (Minha leitura preferida era contos policiais) deu-me de presenre e emprestou-me vários livros evangélicos. Isso, sem dúvida, ao lado da leitura diária da Bíblia e das minhas orações, me ajudaram e muito. Terezinha passou a frequentar comigo a Escola Dominical. Íamos aos cultos dos domingos à noite, com D. Ana e seu Antonio Ramalho, meus pais, que nos ajudavam a levar o José Mauro e o Serginho. Do Quilombo, onde morávamos, até à igreja era bem longe e muitas vezes as crianças tinham que ser carregadas no colo.
A CHAMADA PARA O MINISTÉRIO.Tão logo fui assumindo cargos na igreja (Presidente da Mocidade, Secretário Eclesiástico, colaborador com a Congregação de Botaes, juntamente como o Gerson Costa) comecei a sentir uma enorme vontade, uma alegria imensa e inexplicável de poder estar sempre envolvido nos trabalhos da igreja. Era algo que me dava um enorme prazer. Eu não sabia explicar o que estava acontecendo até que, estando como o Gerson (Ele havia se convertido na mesma semana. Era jovem, solteiro, filho do Pb Manoel Ferreira Costa e de D.Maria Costa, todos, incluindo suas irmas, estavam na igreja) falei-lhe do que estava acontecendo comigo e ele me respondeu que estava sentido a mesma coisa e aí resolvemos orar juntos sobre isso.
Após algum tempo de oração concluimos que aquilo era uma chamada de Deus. Ele, de sua parte, me disse que sua dúvida era que ele estava indo muito bem na sua vida material, ganhando bastante dinheiro e estava achando que o melhor era ajudar na manutenção de um missionário do que ir para o Seminário, pois isso importaria em ter que deixar tudo. Eu, de minha parte, tinha problemas bem maiores. Eu era casado e pai de dois filhos. Não tinha recursos, vivia do meu trabalho na barbearia e minha esposa ainda não era crente. O Seminário tinha uma Extensão na Rua Alexandre Mackênzie e o Internato em Pedra de Guaratiba. Nós moravmos em Paracambi, logo estudar no Rio não seria possível. O Internato em Pedra de Guaratiba era, para ele a
solução, mesmo porque era solteriro e tinha recursos financeiros. Quanto a mim parecia não haver solução, era impossível. Todavia, pelo sim e pelo não resolvemos passar a orar juntos, agora para que portas fossem abertas, especialmente prá mim. Confesso que eu orava, porém minhas dúvidas de que isso poderia ocorrer, eram enormes.Isso aconteceu nos primeiros meses do ano de 1955. Um dia, quando eu estva cortando o cabelo do meu irmão Moisés, que era Presbítero da igreja, senti que devia contar prá ele o que estava ocorrendo comigo e sobre as impossibilidades de ver o meu desej realizado. Meu propósito, ao compatilhar com ele o que estava acontecendo, era para que ele também viesse a orar por nós, especialmente por mim.
Ao ouvir o meu relato ele prontamente me respobdeu:" Você vai pro Seminário na Pedra de Guaratiba e eu vou ajudá-lo e vou me realizar em você, porque eu também senti esse desejo não pude realizá-lo". O meu coração bateu forte. Me deu um nó na garganta, um frio na barriga. O impossível começava a parecer possível. E agora? Eu, Mauro, que havia feito os meus estudos básicos aos trancos e barrancos, pois nosso pai mudava muito e eu passei por várias Escolas. A primeira foi na própria IEC de Paracambi.Minha primeira professora foi a filha mais velha do Rev. Otávio Luiz Vieira, "Zeninha". Na ocasião em que conversei com o Gerson, nós resolvemos nos matricular num Curso que o Pr Abel da 1ª Igreja Batista de Paracambi, ministrava. Era um tipo de pré-vestibular para o antigo curso de admimissão ao Ginásio e de matérias avulsas para candidatos aos vestibulares. Quando fomos falar com ele e lhe apresentamos o motivo de nossa intenção, ele nos disse que a nossa matrícula estava garantida e não nos cobraria nada, tendo em vista o nosso objetivo. Seria, segundo ele, uma forma de ajudar, de contribuir para que tivessemos êxito em nosso intento. Um fator muito importante para mim e que me ajudou a alimentar e a manter viva essa chama, foi o fato da casa pastoral ter ficado vazia em função da ida do Rev. Myron para assumir o cargo de Diretor Interno do Seminário, e como nós moravamos com os meus pais, eu fui solicitado a ocupar a casa pastoral e a assumir a condição de "zelador interino" da igreja. Nessa ocasião os seminaristas que trabalham nos fins de semana em Vassouras, Morsing e em Paracambi passavam por nossa casa às segundas feiras quando de regresso para a Pedra de Guaratiba. Em algumas oportunidades eu fui com eles para participar da programação do Centro Acadêmico que se realizava suas reuniões nas noites das segundas feiras.
Como eles ficaram sabendo que eu era um provável calouro, os levava a orar por mim e a me incentivar. E isso me ajudou e muito.
OS ÚLTIMOS PASSOS EM DIREÇÃO AO SEMINÁRIO- Em meados do segundo semestre de 1955, o Pb. Moisés levou assunto para a Reunião dos Oficiais e a seguir, com o apoio dosoficias, para a Assmbléia da igreja, que me ouviu a respeito da minha disposição e a seguir votou uma bolsa integral para todo o meu período de estudos no Internato.
Dessa forma a minha parte estava resolvida. E quanto a questão da minha família? O Rev. Joel Leitão de Melo havia ssumido o pastorado da igreja e passoiu a ocupar a casa pasoral e nós voltamos para a casa dos meus pais.Uma explicação necessária: Quando eu me casei com a Terezinha, em 26 de maio de 1951, eu havia dado baixa do Exército e estava trabalhando, como Motorista, na Fábriaca de Fogos Adrianino, em Rodeio( Hoje Paulo de Frontin ) e fomos morar lá. Um ano e meio após, como a Direção da Fábrica não cumpriu o compromisso que havia assumido comigo de dár-me moradia próxima do meu local de trabalho, pedi demissão e viemos morar,de novo, com os meus pais e eu passei a trabalhar como "Mascate", vendendo roupas. Como não deu muito certo, voltei a abrir uma barbearia e ensinei o ofício ao Humberto e passamos a trabalhar juntos. Logo após recomeçar a atividade de barbeiro fomos morar no Sabugo, hoje Vila Nova de Paracambí, numa casa alugada ao Sr. Zezinho Guerra, que ainda existe igual quando a alugamos, exceto pela cor da pintura. Como eu trabalhava das oito da manhã às oito da noite e nos sábados até às dez, a Terezinha ficava sozinha com o José Mauro, nascido no dia 03 de março de 1953.(O Serginho nasceu em 09 setembro de 1954) e que levou meu pai a "sugerir", bem ao seu modo, que nós devíamos ir morar de novo com eles. O que veio a acontecer.Voltando aos "Últimos passos em direção ao Seminário". Para resolver o problema da presença da minha família no Seminário comigo e do seu sustento, resolvemos vender tudo quanto podia produzir dinheiro: Barbearia, bicicleta, utencílios domésticos, o casal de canários ( Já mencionado anteriormente) e com a ajuda do meu irmão Moisés e de meus parentes e amigos, como o saudoso Pb Otávio Cabral, com base num contrato firmado com a Direção do Seminário, construímos uma casa de: quarto, sala,cozinha,banheiro, uma pequena área com tanque e,também uma pequena varanda. No contrato estava firmado que do valor gasto na construção da casa seria descontada mensalmente a importância correspondente a alimentação da minha esposa e dos meus dois filhos. Ao final do meu curso, caso eu tivesse um saldo devedor eu reembolsaria ao Seminário. Em caso contrário, o Seminário me reembolsaria. Deus foi tão maravilhos que o saldo que era a nosso favor nós ofertamos ao Seminário. Os dias anteriores a ida para Pedra de Guaratiba, foram muito difíceis. Eu nunca havia morado fora. Estaria deixando as minhas famílias, e encarando uma realidade desconhecida. Isso gerava em mim uma baita ansiedade.A matrícula já estava assegurada.O dia da apresentação no Seminário seria 06 de março de 1956. No mês de fevereiro eu participei do Congresso da Federaação de Mocidade na Igreja de Nazomba. Estavam presentes vários seminaristas. Eles me abraçavam, me davam "tapinhas" como que numa preparação para o "o trote" que certamente eu teria que enfrentar.



A VIDA NO SEMINÁRIO-Os meus primeiros oito meses no internato foram vividos sem a minha família. foi o período de construção da casa. Dentre os que participaram da construção estavam o já Pastor José Costa, o meu irmão Humberto, eu e outros seminaristas e o irmão Aldo, funcionário do Abrigo Evangélico de Padra de Guaratiba, vizinho ao Seminário. No comço do 2º Semestre do ano letivo de 56, minha família já estava comigo. Nsse período Terezinha se converteu e foi batizada pelo saudo Rev. Augusto Paz de Ávida, na IEC de Pedra de Guaratiba. Os estudos eram de terça a sexta, pela manhã,nas sextas à noite e em aguns sábados, também pela manhã.
À tarde eram as tarefas práticas de cuidados com a horta, limpeza das dependências,etc. Havia também uma escala semanal para limpeza de baheiros, arrumação do refeitório, entre outras. À noite, menos nas segundas feiras que eram destinadas às programações do Centro Acadêmico, tínhamos Banca de Estudos que eram relizadas no Refeitório. A presença dos alunos eram obrigatória e era supervisionada pelo Diretor Interno. Era das 19 as 21 horas e meia. Após um momento de vocional de encerramento, um Mate Leão com biscoitos e às dez horas silêncio absoluto, luzes apagadas em todos os dormitórios, exceto em minha casa.Lá era território no qual o Regimento Interno do Seminário não tinha poderes.Isso me deu a a oportunidade de estudar, especialmente na época de provas, até altas horas da madrugada.Em decorrência disso tive úlcera-gastro-duodenal, mas valeu a pena. Nunca tive uma nota menor que a média,(7,0. Os quatro anos de seminário foi um dos melhores anos de minha vida. A comunhão e amizade dos colegas, os milagres que víamos no dia a dia na vida dos alunos e da manutenção do Seminário. Os professores, os diretores e funcionários, era tudo uma só família. Os problemas, e
eram muitos, serviam para nos tornar mais dependentes de Deus e fortalecer a nossa fé.Na realiade todas essas experiências tinham um objetivo pedagógico. Faziam parte de nosso processo de aprendisagem. Lembro-me com saudade dos encontros de oração,pela manhã, no bambual. Das reuniões de relatórios nas manhãs das terças feiras. Das "peladas" nas tardes das quintas feiras. Dos campos de trabalhos práticos nos fins de semana, nas várias igrejas, verdadeiros laboratórios de experiências e de convivência, comunhão e carinho dos pastores, oficiais e membros dessas igrejas que sempre nos acolhiam com muito carinho. Recordo-me saudoso dos Cultos ao ar livre nas noites das quartas feiras, após aos quais participavamos dos Cultos no templo da IEC de Pedra de Guaratiba, nos quais tínhamos a oportunidade de pregar e de ser avaliados pelos professores.Lembro-me do Orfeão, digido pelo Jalmar Satle. Do Coral de alunos,digido pelo Profº Carlos Alberto Correa de Cunha, em cujo sangue havia notas musicais. Sinto muita saudade das seres especiais de Estudos Bíblicos ministrados por Pastores e Missionários de renome que a direção do Seminário convidava. Roy Ression; Osvaldo Smith, General Medeiros Pontes e sua esposa Otília Pontes e suas experiências de conversão da "Mãe de Santo",(uma das mais famosas do Brasil)para o Evangelho e o extraordinário trbalho de Evangelização que faziam nas igrejas pelos vários Estados do Brasil.
O ÚLTIMO ANO. final do curso se aproximava. Neste último ano os formandos faziam estágios em igrejas que os escolhia e solicitavam ao Diretor que o aluno escolhido estivesse presente no campo da igreja a cada fim de semana. Eu fiz meu estágio em Pduas igrejas: IEC de Venda das Pedras e na IEC de Mato Alto, alternando os fins de semana entre elas. Jáhavia trabalhado no anos anteriores na IEC de Pracambi, logo no meu primeiro ano, tendo sido Superitendente da Escola Dominical, na IEC de Vaz Lobo e na IEC de Magé. Nos dias finais de novembro, já bem próximo da Formatura, ee estava sendo pretendido pelas igrejas de Magé e Mato Alto. Ambas gostariam de ter-me como Licenciado e, por consequência, candidato ao pastorado. Foi a minha primeira experência, de muitas outras que viriam ao longo do meu ministério, qual seja a de tomar uma decisão com relação a uma ou outra igreja. Eu havia aprendido que nesses momentos o importante e necessário, é dobrar os joelhos e orar. orar muito a fim de atinar com a vontade do Senhor da Obra e de nossas vidas. Fui o que fiz e dias antes da Formatura, eu já havia tomado a decisão.Iria para Mato Alto.

A FORMATURA.

2 comentários:

  1. APRECIAÇÃO - Como amigo pessoal do rev. Mauro Ramalho, lemos, com satisfação, o relato de suas principais experiências de conversão ao Evangelho, chamada para o ministério, preparo no Seminário Teológico em Pedra de Guaratiba e início do seu pastorado. Aguardamos o restante de sua autobiografia, incluindo suas atividades denominacionais e missionárias. Júlio Leitão. jlmeloneto@hotmail.com

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  2. Obrigado caro amigo. Tão logo disponha de tempo estarei tentando completar essa mini autobiografia. Um abç e, caso possa, recomende esse meu blog

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